terça-feira, 27 de julho de 2010

dragão


S. Jorge (Franceschini, 1718)



Edson Bueno de Camargo

e toda profecia
que lhe saía das mãos
era uma sentença torta
epístolas postas na mesa
sem direito e direção

era festa na aldeia
ou se assemelhava
algo que voava
entre fitas lilases
e milagres de vinho e pão

e todo vento
que me chegava
era embriagado
estopa embebida em vinagre
deuses bentos em oração

e sob luz de candeias e voltas
toda a reza tinha um certo destino
olhares de menina triste
rosas verdes no parapeito
e medo de assombração

naquela noite não dormi direito
São Jorge não era meu amigo ainda
olhava-me firme junto à janela
com o cavalo empinando
e debaixo mais condescendente
com todos os seus dentes
ria de mim o dragão

Um comentário:

  1. Bom Edson, vejo neste poema a possibilidade de uma canção nos moldes poéticos que estou buscando para musicar...

    Aguarde.

    ResponderExcluir

Não será tolerado nenhum tipo de ofensa, desrespeito, ou colocações em desacordo com as regras do blog ou algo do tipo... Criticar leitores ou falar mal da Taba e seus membros, aqui, nem pensar!