Edson Bueno de Camargo
e toda profecia
que lhe saía das mãos
era uma sentença torta
epístolas postas na mesa
sem direito e direção
era festa na aldeia
ou se assemelhava
algo que voava
entre fitas lilases
e milagres de vinho e pão
e todo vento
que me chegava
era embriagado
estopa embebida em vinagre
deuses bentos em oração
e sob luz de candeias e voltas
toda a reza tinha um certo destino
olhares de menina triste
rosas verdes no parapeito
e medo de assombração
naquela noite não dormi direito
São Jorge não era meu amigo ainda
olhava-me firme junto à janela
com o cavalo empinando
e debaixo mais condescendente
com todos os seus dentes
ria de mim o dragão
Bom Edson, vejo neste poema a possibilidade de uma canção nos moldes poéticos que estou buscando para musicar...
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