à todos bibliotecários em especial, aos funcionários da
Biblioteca Municipal de Mauá Cecilia Meireles.
Dia 12 de Marco, dia do Bibliotecário.
Olhou ao redor: Todos concentrados. O silencio, quebrado apenas pelo virar de paginas aqui e ali. “Por que é tão difícil pra mim?”, pensou Renata. Realmente, não tinha paciência para a leitura. Lia as conversas no MSN e no máximo, os recados do Orkut. Isso quando o recado não era muito grande! Mas ela estava ali, na Biblioteca municipal, para mudar isso.
Um dia antes, ouviu uma frase dita pelo apresentador de um Reality Show:
- Você é o que você lê.
Sabia que o programa era um lixo, mas a frase a fez pensar. Lembrou das revistas de fofoca que vez ou outra folheava e refletiu: “Eu sou o que leio? Celebridade eu não sou. Então sou o quê? Alcoviteira?”.
Não, não. Não era isso o que queria da vida. Achava o máximo quando ficava sabendo de uma mulher que dirigia uma empresa ou era escritora. Queria ser assim como elas. Mas para isso, precisava adquirir conhecimento.
O difícil era saber por onde começar. Cruzou os corredores da biblioteca, de um lado para o outro, olhando as prateleiras, parando em uma capa brilhante, folheando um ou outro livro. Foi quando uma moça sorridente lhe abordou:
- Posso lhe ajudar?
- Estou procurando um livro...
- Sabe o título ou o nome do autor?
- Bom, na verdade, eu nunca li nenhum livro na minha vida. Mas decidi que vou passar a ler. Só não sei por onde começar. São tantos...
A bibliotecária calmamente conduziu a jovem aos arquivos de catalogação. Lhe ensinou não só como usá-los, mas também lhe indicou alguns livro e autores.
Levou para casa Dom Casmurro do Machado, e Senhora de José de Alencar. Apesar da dificuldade inicial, terminou em duas semanas.
Não demorou muito tempo, e já devorava dois livros por semana. Lima Barreto, Cecília Meireles, Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa, Camões. Sua a sede de conhecimento aumentava a cada dia. Sua visão critica ficava cada vez mais aguçada.
Ela vivia cada pagina, sentia cada sentença; a angústia de K, o crime de Raskólnikov; deu a volta ao mundo em 80 dias, foi da terra à lua; lutou na guerra dos mundos, enfrentou o monstro da Rua Morgue, enquanto recebia as visitas noturnas de um corvo; ficou maravilhada com o monstro incompreendido da Jovem Mary Shelley, horrorizada com o fascismo do livro 1984.
Os livros lhe abriam as portas da percepção para um admirável mundo novo.
Hoje, apesar da faculdade de letras e do estagio lhe tomaram grande parte do tempo, Renata faz questão de ajudar no programa de doação de livros para a biblioteca de sua antiga escola.
- Marcos Roberto Moreira
Ler é um vício lento e inexorável.
ResponderExcluirFiquei com remorso de ter roubado tantos livros na minha vida...
ResponderExcluirBibliotecas diversas, variados sebos, livrarias e armarinhos, bancas de jornais, casa dos amigos e dos inimigos, parentes, amores...
Li a todos, mas isto não comuta o meu crime.
Acho que vou me açoitar agora ou mato esta Renata.
Abço
Chris
Chris,
ResponderExcluirTambém já roubei/receptei livros...
mas também já doei vários.
Enfim... açoitar-se? Você é o mais cristão dos ateus que eu conheço!
ABÇs
Roubar livro não é pecado, pecado é não lê-los.
ResponderExcluirMas este lado sadomaso do Chris é coisa de católico enrustido. Vai ver ele foi coroinha na infância. (Até o irmão do Papa fez as dele.)
Se roubar livros não é pecado, me levam pra conhecer a biblioteca de vocês então.
ResponderExcluirNão empresto, não mostro, meus "preciosos" anéis, digo, livros.
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