quinta-feira, 15 de abril de 2010

tudo o que me pedes




Edson Bueno de Camargo


se tudo o que me pedes
é meu olho
ainda quente
sobre a palma rósea
desta mão de luas novas
(e gelo orgânico )


deixa ao menos
que veja o Sol se quebrando
sobre as costas azuis das montanhas
entre frestas rutilantes
das entranhas da luz

desde teus cílios
molhados pelo orvalho
a correr sob as pálpebras
de ágata leitosa

este majestoso fogo
em espectros de infra-vermelho
desta gigante agonizante em tua íris

ah! mãe dos deuses
(das mulheres de ventre de barro e lava ardente)
que me reste agora a escuridão
de antes de ter nascido
do mar salgado de tuas vestes

eis que voltamos sempre
ao lugar que em êxtase e dor
nos gerou

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