Zabé da Loca
és como foi minha avozinha
lenço amarrado na cabeça
olhos grandes de olhar comprido
destes que devoram tudo com carinho
e cuidado
gente de granito e pés suaves
mesmo para trilha de pedras
muheres com dobras e rugas
quase uma centena de anos cansados
rostos com sombras
e o dedo com o osso apontado
mulheres de parar o vento com o silêncio
e mover pedras com o sussurrar
constroem casas com barro
cacimbas no seco
donas da terra e da água
e aproximam o ventre do ar
senhoras que vestem o mundo
e tecem com os panos
e fiam o algodão das nuvens
ai que os anjos esfarrapados da caatinga
os anjos vaqueiros e pascentadores de bodes
os anjos moleques a tramar travessuras
os anjos de todas as partes e os afogados
e o louco poeta na margem da metrôpole
todos param para ouvir
um pedaço de cana soar as trombetas do céu
Este poema surgiu de uma tuitada do amigo Jorge de Barros.
ResponderExcluirLindíssimo...voou a minha imaginaçao ao longo da descrição...adorei!
ResponderExcluirVocê se superou.
ResponderExcluirÉ isso que nós, poetas, sempre buscamos: superar-nos. Você pode considerar que conseguiu.
Parabéns.