segunda-feira, 3 de maio de 2010

PRAÇA 22 DE NOVEMBRO




Deise Assumpção


forma prima esquartejada
(o inexorável)
membros espetados
na memória medram

rodoviária
decibéis de cansaço, pressa, espera
concha acústica reescritura
de antigos versos

simples fonte artificial
a mesma água
da genitora aristocrática
aspersão de fé:
não se corrompe a essência
pode o rio se exorcizar

pequenas árvores
seivam as raízes das primitivas
espectros de futuro e passado
compromissando o Paço

velhos bancos
de reclinar o dorso
furtar beijos de namorados
agora duras muretas-nádegas
de envergar o tronco
olhos-inverno contornando arbustos
que às suas costas engendram flores

(sempre umbigo do universo
cruzando sacros os fios da taba)

Um comentário:

  1. Duas considerações sobre este poema: uma, é que a data de aniversário real de Mauá-SP, é 22 de novembro, dia do plebiscito que decidiu a autonomia, e que coincide com o princípio da revolta da chibata. Duas, que no final do poema, sem que se pensasse ainda na Taba, a poeta Deise Assumpção já intuiu alguma coisa.

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