“Sueño con serpientes, con serpientes de mar,
con cierto mar, ay, de serpientes sueño yo.”
(Silvio Rodríguez)
que se envolvem entre si
em carne viva
em exposição
em expiação sangrenta
ninho coleante
e viscoso
gangrena dos ossos
vulcão orgânico e pestilento
de ovos
de larvas
de morte lenta adiada
tenho muitos olhos
tenho muitas bocas
e muitas línguas todas bífidas
o cheiro do medo buscam
sonho que estou vivo
(quando morto)
e andando
não caminho um metro sequer
sufoco em líquido
e meus movimentos são pulmões afogados
me afundam na areia movediça
nada me conduz
sob este céu insano
falo o som das escamas
dos estalidos de pequenos ossos
e palavras
com o fogo feroz
dos olhos animais acuados
fogos fátuos
e versos metálicos da palavra réptil
“sonho com serpentes”
e estas me devoram os olhos
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