quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

cortes selvagens



Edson Bueno de Camargo


carregar um cometa à boca
entre-dentes estrelas
e cortes selvagens na saliva


toda a palavra contém sangue
de dureza de diamantes negros
pedras profusas da dor


eis a tristeza de dias claros
com bilhas de água
logo à porta


(mata a sede dos) viajantes
percorrem às sombras silenciosas
da noite


hoje amanheci
com uma margarida
plantada no peito


suas raízes frágeis
se estendem por veias
e poças de coágulos


uma flor com o peso de um planeta
com pétalas rindo
como dentes ao sol

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